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Quero matar a dor que há em mim

Já deu por si a pensar sobre a morte? Já parou para pensar que alguém que comete suicídio o que desejava era pôr termo à dor e não à vida? Estas e outras, são questões introspetivas que merecem a nossa atenção, já que as estatísticas recentes assustam a saúde pública. Ora vejamos:

  • Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio em todo o mundo, por ano, valor este correspondente a aproximadamente 1 morte a cada 40 segundos;
  • Em Portugal suicidam-se pelo menos 3 pessoas por dia;
  • Vários estudos indicam que o número de tentativas de suicídio é cerca de 25 vezes superior ao número de suicídios;
  • A maior parte das pessoas que morreu por suicídio sofria de problemas de Saúde Psicológica.

Toda a gente já pensou sobre a morte, embora este seja um tema muito delicado ao ser humano. Contudo, a vida pode proporcionar situações de elevado sofrimento emocional, seja devido a perdas, sobrecarga de problemas, falta de sentido para a vida, ou desesperança. Estes problemas podem assumir um trajeto que culmine num “beco sem saída” onde o que o indivíduo vê é apenas a sua dor, e acredita que não há nenhuma outra solução, senão a de acabar com ela.

Ora vamos clarificar aqui dois termos que, não raras vezes, são encarados como parte integrante do mesmo fenómeno: (1) ato suicida e (2) para-suicídio. Um (1) ato suicida pode ser classificado de duas formas, a saber: tentativa de suicídio (ato levado a cabo com objetivo de morte, mas que, por razões diversas, alheias ao indivíduo, resulta frustrado), e suicídio consumado (morte provocada por um ato com intenção de pôr fim à vida). Já o (2) para-suicídio é um ato não fatal, onde o indivíduo causa lesões a si próprio, sem apresentar vontade de terminar com a vida, mas com a particularidade de deixar pistas para que o ato não resulte na própria morte. Aqui surge, então, o comportamento autodestrutivo/autolesivo que, sem intenção de morte, tem como objetivo tranquilizar.

Porquê?
O que leva uma pessoa a se magoar a si própria? O alívio da dor emocional, através do foco na dor física? O alívio que o indivíduo sente ao praticar um comportamento autodestrutivo leva à repetição do ato e este passa a representar uma forma de lidar com os problemas quando não consegue encontrar outros recursos para resolvê-los. Estamos a falar, concretamente, de cortes, de ingestão de doses exageradas de fármacos ou substâncias tóxicas, entre outros. Grande parte dos indivíduos não quer, necessariamente colocar termo à vida, mas sim fugir da dor e do seu sofrimento. A morte, nesse momento, é a única solução encontrada. Sabe-se estar inerente um processamento cognitivo que inclui um alto grau de desesperança, conjugado com um défice na capacidade de resolução de problemas. Tal vai originar uma forma de pensamento distorcida.

O que se pode, então, fazer?
OEste é um desafio que a saúde pública enfrenta, não descurando ser uma realidade que pode ocorrer em qualquer faixa etária. Em primeiro lugar, pedir ajuda! Muitas pessoas ainda se sentem reticentes em solicitar acompanhamento psicológico. Mas, o profissional da psicologia é qualificado para tal e pode fazer uma avaliação, compreender a complexidade das causas/motivações que levam a esta situação e, a partir dessa informação, estruturar uma intervenção adequada a cada situação. Mantenha-se atenta/o à sua saúde psicológica e não sofra em silêncio!

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