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O Eu que habita a relação

Quando falamos de um relacionamento amoroso, rapidamente pensamos na dimensão “amor” - ligada à intimidade, ao investimento, ao compromisso. Porém, além disso, penso que devemos considerar também a dimensão “funcionalidade”, que diz respeito ao modo como nos organizamos no relacionamento. Essa dimensão relaciona-se com a forma como regulamos a própria relação (por exemplo, o tempo que passamos com a outra pessoa ou aquilo que fazemos quando estamos com ela), mas também com o modo como regulamos as relações com outros sistemas - o tempo que passamos com amigos, por exemplo, ou o tempo que passamos na nossa própria companhia.

Abordar a questão da individualidade torna-se crucial quando falamos de relacionamento. A relação de amor e intimidade deve surgir como capacidade relacional, mas também individual, sendo muito importante a validação de nós mesmos e a preservação do confronto com o Eu que habita a relação. Nesse sentido, é fundamental respeitar o espaço do outro, por um lado, e reservar também tempo e espaço para nos relacionarmos connosco. Tal poderá ser implementado na própria dinâmica do casal, criando-se regras de comunicação que permitam identificar e respeitar quando cada um precisa de estar sozinho. A comunicação surge aqui como um aspeto fulcral que não pode cair no esquecimento. Só através do diálogo e da escuta ativa será possível transmitir o nosso ponto de vista e perceber como o outro se sente, discutindo possíveis formas de estar no relacionamento e de gerir os conflitos que vão surgindo. De notar que as situações de confronto e conflito existem em todos os relacionamentos, podendo até gerar mudanças positivas e fortalecer laços entre o casal.

Concluindo, acredito que a chave para o equilíbrio passará pela capacidade de permanecermos em constante evolução e desenvolvimento pessoal, preservando e cultivando a nossa identidade no seio da relação, com recurso ao respeito à comunicação.

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